sábado, 30 de janeiro de 2010

Helicóptero funcionando...de volta ao Pólo Sul!

O helicóptero finalmente está funcionando! Vitória!
Deixamos hoje o porto de Fremantle, aliviados e prontos para desbravar os mares bravos em direção a maravilhosa Antártida!

Bárbara Veiga.


sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Antártida - A terceira jornada!


Meu querido colega de trabalho Michael partiu hoje, mas deixou essa foto maravilhosa de presente para mim, dentre outras da tripulação desses últimos meses de campanha.
A nova fotógrafa se chama Ana e é polonesa! A primeira impressão foi boa e espero que sejamos boas amigas. Tenho muito o que falar com ela... procedimentos sobre como catalogar as fotos de maneira correta, dentre outras "regrinhas"...
Partimos amanhã às 7 da manhã... o Pólo Sul que me aguarda para mais uma missão pelas baleias.

UHULLL!!! /o/

Volto breve com mais novidades ....

Bárbara Veiga.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Fremantle: A segunda casa do Steve Irwin.

28-01-2010



De volta a doce, serena e receptiva cidade de Fremantle. Mídia e simpatizantes da organização tomaram conta do porto e lá se foi o Capitão Paul para o batalhão de entrevistas.
Josh já está a bordo para o reparo da helicóptero e a nova tripulação acaba de chegar. Os tripulantes do Ady Gil desembarcaram, retornando para suas casas em busca de descanso, exceto o capitão Pete Bethune, que seguirá para a terceira viagem conosco.







Barbara Veiga.

Apresentação do slide show dessa travessia!

27-01-2010



Apresentei um “slideshow” da nossa travessia aproveitando nosso último dia navegando com a presença dos tripulantes que irão desembarcar assim que chegarmos no porto. Descobri hoje que a Julie, marinheira australiana, também irá desembarcar em Fremantle. Fiquei tristonha depois da notícia porque acabei adquirindo uma certa afinidade com ela. Julie é discreta, gentil, atenciosa, trabalhadora... e tem uma ótima personalidade, pelo que pude observar na nossa convivência a bordo.
O mar volta a se enfurecer e no meu camarote as coisas começam a sair do lugar, com o vai e vem das ondas. Eu a-do-ro ver o mar agitado, acho ainda mais bonito de quando está plano. A lua cheia é muito bem vinda e facilita a navegação.


Barbara Veiga.

Verão?

26-01-2010
Voltamos ao calor! Pela primeira vez pude ver uma luz verde que pisca logo que o sol se põe, um fenômeno que não conhecia! Breve, porém mágico.






Barbara Veiga.

A troca

25-01-2010

Aproveitando o fato de que nossa travessia está super calma, o convés ficou cheio de atividades. Tivemos treinamentos diversos e além dos marinheiros, pessoas de diferentes departamentos foram convidadas a participar, ajudar e aprender.
Os espigões amarelos que ficavam ao redor do navio por segurança foram retirados e só serão recolocados quando voltarmos a navegar.

Dan e Sophie deixarão o “Steve Irwin” quando chegarmos em Fremantle, já que eles estão a bordo há 15 meses e precisam descansar. Tor, Craig e Andy também desembarcarão por diferentes motivos e aparentemente a terceira ida até a Antártida será feita com um número muito menor de tripulantes que nas outras passagens. Inclusive meu amigo e colega de trabalho, o Michael também vai desembarcar do navio! Sente saudades da sua esposa e nunca aproveita realmente a vida no mar. Ele sempre fica mareado...

Vou sentir saudades! Não sou muito boa em despedidas...
Gosto de observar a rotina de cada um depois do horário de trabalho. Jamie corta as unhas e engraxa suas botas de trabalho depois do jantar, Bevin fica compenetradíssimo lendo o último capítulo do seul livro, Dan, Merryn e Leon se exercitam no convés para se manterem em forma, James pratica seu violino e os albatrozes nos faz companhia neste vasto oceano.



Finalmente tivemos nosso “Girls meeting” e foi um grande sucesso! Cada uma trouxe um travesseiro e um cobertor para ficar confortável no seu espaço. Nos apresentamos em ordem alfabética, fui a segunda, depois da Annastasia e enquanto isso uma barra de chocolate foi passada em sentido horário.
Falamos sobre nossos gostos pessoais, fizemos críticas sobre alguns pontos que nos incomoda na vida a bordo do navio(como por exemplo,a televisão ligada durante as refeições) e é claro, nossa razão mór de estar aqui lutando pelas baleias e fazendo parte da Organização. Muitas das mulheres fazem também um belo trabalho fora do navio, incluindo a luta contra o aquecimento global ou direitos animais.
Foi produtivo e amanhã faremos um novo encontro, só que dessa vez incluiremos um jantar e “skills share”, o que quer dizer que compartilharemos conhecimentos e habilidades variadas. Dessa vez o encontro será mais cedo, `as 18h30, porém no mesmo lugar: aonde são guardados os alimentos secos.
Nosso juramento final: “Tudo que é falado aqui, fica aqui!”.

Barbara Veiga.

Ponto de vista.

24-01-2010





Shohei Yonemoto, professor de controle ambiental mundial da Universidade de Tóquio, onde são realizados estudos avançados na ciência e tecnologia, escreveu hoje uma fantástica matéria contra a caça baleeira.
Nove mil baleias minke já foram assassinadas pela frota japonesa baleeira, com o velho pretexto de “pesquisa científica” e ilegalmente esse absurdo ainda continua sendo cometido, desrespeitando completamente o Tratado da Antártida e o santuário.
Yonemoto disse que por ano, os japoneses faturam cerca de $ 64.5 milhões de dólares com a venda da carne de baleia e que a tradição cultural de comê-la é um verdadeiro mito. Fiquei surpreendida e ao mesmo tempo feliz em saber que no Japão existe sim pessoas sensatas e que se preocupam com o meio ambiente e que são contra esse terrível massacre.
Ainda bem que no jornal “The Asahi Shimbum” existe uma brecha para que mensagens como essa sejam propagadas de maneira profissional e ética, baseadas em estudos e pontos de vista de profissionais sérios, sem jogos de sensacionalismo ou artigos que são escritos apenas com interesses econômicos ou políticos.
Mar calmo e vários “ Giant Petrel” rondeando o navio.



James toca violino enquanto Merryn, Dan e Leon continuam se exercitando na barra que fica na popa do navio! Eu até tentei fazer barra, mas não passo da segunda... sou melhor nadando.
Fiquei no convés algumas horas, olhando toda essa vida no oceano e pensando em como é possível o ser humano cometer essa atrocidade com nossa mãe-natureza! Mais de cem milhões de tubarões são mortos todo ano para alimentar o mercado na Ásia, o número de baleias mortas já passou de nove mil e vinte e três mil golfinhos são assassinados todos os anos em Taiji, no Japão (como é mostrado no documentário:“The Cove”). A carne de golfinho é vendida nos supermercados japoneses e ainda servida como merenda escolar.
Estamos completando séculos de desordem, desrespeito, desespero e matança, ignorando por completo as respostas que a natureza vem dado a tudo isso: o extenso número de espécies extintas, aquecimento global, florestas derrubadas e a vida no verde e nos oceanos que está desaparecendo de maneira alarmante. E diante dessas demonstrações, como podemos fechar os olhos? Algo precisa ser feito agora, antes que seja tarde demais. Espero conseguir ainda esse ano o fim da caça das baleias na nossa terceira viagem até a Antártida e com a voz de sábias pessoas, como o professor e pesquisador Shohei Yonemoto!




Barbara Veiga.

Quarentena.

23-01-2010


Estamos em quarentena! A lavanderia não pode ser usada porque as roupas dos tripulantes do Ady Gil vindos do Bob Barker provavelmente estão cheias de ovos de barata, já que o navio estava enfestado desde a ilha de Mauritius. Por segurança, todas as roupas deles estão em prioridade de lavagem para que o Steve Irwin não corra o risco de ser “contaminado”.
Assim que chegar em Fremantle tenho uma lista de coisas para fazer, assim como toda vez que piso em terra depois de várias semanas de navegação. Dessa vez ficamos quase um mês no mar e as coisas começam a faltar, especialmente meu estoque de chocolate. Seríssimo! Ainda tenho algumas trufas e três barras... mas chocolate é essencial para se ter a qualquer momento. :)
Se tiver tempo, vou fazer as unhas, depilação, dançar e tomar um suco de laranja bem gelado! Preciso também de um travesseiro novo, porque o do navio é tão fininho que acordo todos os dias com dores no pescoço e nas costas.



Visitei o camarote da minha amiga da Estônia, a Ana. Passamos algumas horas conversando, rindo e compartilhando histórias. Mostrei fotos favoritas das minhas viagens pelo mundo, também músicas e ela, as suas interessantes artes e instalações que desenvolveu quando morou na França para fazer seu mestrado em arte contemporânea. Ela é uma super designer gráfica, além de ser uma mulher simpática e sensível. Anna nunca conheceu o seu pai, que abandonou sua família quando ela tinha apenas alguns meses de idade, então ela coloca em suas obras seu complexo e contínuo auto-conhecimento da parte que lhe falta.





Barbara Veiga.

Voa Steve Irwin, voa...

22-01-2010


Nossa distância até Fremantle completa duas mil e quarenta milhas naúticas. Estamos com tanta sorte com o tempo que chegamos a alcançar 15 nós! Com essa velocidade, chegamos em Fremantle no dia 28/01, quinta que vem.
Estou organizando junto com a Anastasia uma reunião para meninas no domingo às 19hs e acho que vai ser super animado! O nosso objetivo é reservar um momento para nos conhecermos melhor, trocar conhecimentos e arte. Leela quer ensinar a fazer origami, eu pensei em falar um pouco de fotografia e citar trechos de filmes, livros e poesias favoritas e abrir para discussão sobre temas gerais. Aos poucos, no decorrer dos nossos encontros, vou sabendo o que cada uma tem a compartilhar. Não é maravilhoso poder ensinar e aprender? Eu tenho uma sede de aprender incomensurável...
Preparei um “slide show” com fotos de Kerguelen que foram apresentadas depois do jantar. Fiquei feliz com o resultado, especialmente dos pássaros e as focas da ilha (“Elephant Seal”), além é claro, de toda tripulação trabalhando duro na transferência de coisas para o Bob Barker!
A Animal Planet colocou dois vídeos para a tripulação assistir. As imagens eram da colisão entre o Shonan Maru II e o Ady Gil em alta resolução, em ângulos diferentes desde o Bob Barker e do próprio Ady Gil. Depois de ver o vídeo fiquei impressionada em ver que a tripulação realmente não sofreu nenhum acidente mais sério ou experimentar inclusive até a morte. Fico aliviada mesmo em tê-los seguros e aqui com a gente retornando para suas casas! Ufa, que susto! Quanta tensão!
Mais uma partida de poquer no “messroom” entre o capitão Paul e a tripulação do Animal Planet de um lado e do outro, filme de terror(minha querida amiga de longa data- Laura- que ia gostar!) com muita pipoca rolando.





Barbara Veiga.

A inesquecivel ancoragem de Kerguelen...

21-01-2010



Voltamos hoje três horas no relógio! Almoçamos às nove da manhã e nosso jantar será as três da tarde para irmos nos acostumando com a troca de horário.Tivemos nossos passaportes devolvidos pelos membros da base francesa e pretendemos partir ao meio-dia do novo horário...
O navio estava silencioso, muitos nem foram almoçar, talvez estavam se recuperando da noite anterior afinal foi um dia de muito trabalho e até tarde da noite. Pássaros (“Kelp Gull - Larus Dominicanus” e “New Zealand King Cormorant”) se aproximaram do Steve Irwin com um breve ar de despedida. Logo em seguida, mais uma vez vieram assim como em nossa chegada, os golfinhos “Commerson`s”, que é uma das menores espécies existentes.
Eles ficaram na proa do navio pelo menos uns vinte minutos! Um verdadeiro espetáculo em pleno ambiente selvagem e ainda na Antártida. Como eu tenho sorte de estar aqui...



Às 13hs deixamos essa inesquecível ancoragem, dissemos adeus ao Bob Barker e a maravilhosa ilha Kerguelen, seguindo rumo a Fremantle. Originalmente seria uma hora atrás, mas a verdade é que eu fiquei contente com o atraso.
Segundo os membros da base francesa esse foi o quarto dia mais belo de todo verão. Sol e brisa leve. O primeiro dia de navegação está sendo perfeito e a cada hora o céu apresenta uma cor diferente. Depois do nosso jantar “quase brasileiro” (feijoada vegana com farofa!) Laura preparou dois bolos em comemoração a cura do câncer que o nosso engenheiro canadense Dave (há alguns anos atrás). Toda tripulação o abraçou com muito carinho, felizes por sua vitória, saúde e vida retomada ao normal.


Barbara Veiga.

Ilha de Kerguelen e o encontro do Bob Barker

20-01-2010 - Kerguelen Island


Estamos a poucas milhas da Ilha de Kerguelen e ao encontro de Bob Barker. Sinto uma certa ansiedade para ver nosso outro navio em ação nessa campanha e naturalmente conhecer a outra tripulação que tem atuado bravamente na luta contra a famigerada caça “científica” e a violação do Santuário das baleias do Oceano Austral. Afinal eles passaram toda viagem sendo perseguidos pelo Shonan Maru II e Yushin Maru, perderam o Ady Gil e ainda tiveram que recrutar a tripulação do trimarã perdido.
Aparentemente o Bob Barker não tem sinal do Shonan Maru II há um dia e meio (o que significa que talvez eles tenham desistido de segui-lo pelo momento), e o Yushin Maru parece estar de volta à frota baleeira pensando que o Steve Irwin está nas redondezas. A estratégia de ir até o território francês para ir de encontro do Bob Barker em segurança e sem o conhecimento de ninguém parece ter funcionado.
Recebi um email com a resposta de Fábio Vaz Pitaluga ( Diplomata/Ministro/ Chefe da Divisão do Mar da Antártida e do Espaço) à carta de José Truda Palazzo(ex-vice comissário do Brasil à Comissão Internacional Baleeira e atual presidente do Conselho Superior da Rede Marinho-Costeira e Hídrica do Brasil) junto às outras trinta e uma instituições, expressando posições e preocupações com o processo de negociação da Comissão Baleeira.
Ele agradece as reflexões e diz que tem havido um intenso diálogo entre os órgãos do Governo que estão relativos a esse tema.
Achei que a carta apresenta uma bela resposta diplomática, porém vaga e sem nenhuma posição clara sobre o que pode ser feito em imediato para cessar de vez com os atos de violência no Oceano Austral. Há tanto para ser feito(e não mais dito) e o Brasil não pode assumir uma postura de cúmplice à caça ilegal. Temos um histórico de lideranca conservacionista e precisamos impedir de uma vez por todas a violação do Santuário.
O processo negocial que ocorre na Comissão Baleeira propõe uma redução do número de baleias(chamada “redução global”) caçadas e jamais foi mencionado o fim da matança. A luta é incessante e acredito que se nada for feito agora e nos próximos anos, não haverá mais vida nos nossos oceanos. É inaceitável que o Japão continue cometendo esse terrível massacre e em plena modernidade do século 21 nada seja feito em nome das baleias.
A sociedade está de olho, sombrancelhas estão sendo levantadas e estou aqui na Antártida aliada a Sea Shepherd esperando que possamos fazer algo nessa campanha e alertar à sociedade de todos os continentes sobre a necessidade e extrema importância da preservação da vida nos oceanos.



Kerguelen a vista!
Mais de vinte golfinhos (“Commerson`s Dolphin” - Cephalorhynchus Commersonii) vieram ao encontro do Steve Irwin para surfar na proa do navio. Avistamos montanhas dos mais variados formatos, algumas com neve no topo outras com vegetação... essa ilha é realmente fantástica! Nessa travessia lembro ter visto em um icebergue com o formato da escultura egípcia “Sphinx”/Esfinge e como estou acostumada em ver desenhos no meio da natureza, acabei mais uma vez me deparando com a “Sphinx”/Esfinge, só que dessa vez em um belíssimo conjunto de pedras que desde um ângulo específico, me fazia ver a escultura! Não me julgue louca, mas apenas um ser extremamente conectado com a natureza! :)











Ilha de Kerguelen!
Ancoramos na ilha de Kerguelen, maravilhados com todo cenário surreal. Mais uma vez encantada com essa viagem, que a cada dia me proporciona mais momentos marcantes.
Entramos em contato com a base francesa e minutos mais tarde, recebemos alguns dos pesquisadores a bordo do Steve Irwin e também entregamos nosso passaporte para poder visitar a ilha. Adorei a idéia de ter um carimbo no meu passaporte em pleno território austral! Que luxo! Também uma lembrança da sublime visita nessa parte do mundo onde poucos tem a chance de conhecer.



Fomos convidados pelos membros da base francesa para almoçar em terra. Como ainda seguimos no navio com o horário de Hobart, então na verdade para nós seria o jantar.
Logo que pisei em terra me deparei com pinguins reis (os que medem quase 1 metro) junto as focas-elefantes (que eram quase do tamanho do nosso inflável) próximos ao pier onde deixamos o Delta ao desembarcar. A pequena ilha possui oitenta habitantes no verão e cinquenta no inverno. Todos são simpáticos, receptivos e contam um pouco do seu trabalho de pesquisa na região que está passando pelo processo de estudos e pesquisas nos últimos sessenta anos.




Os pratos foram variados e deliciosos. Muito queijo, vinho e baguete francesa! Como é bom experimentar a cultura francesa no meio da Antártida!
Fomos ao correio e lá fui eu com minhas correspondências... O engraçado foi saber que as cartas só sairão da ilha em abril, quando o próximo navio passa por aqui. Ainda assim, mesmo que meus queridos amigos e familiares recebam minhas cartinhas quase no meio do ano, a intenção ainda é valiosa. Pensei neles e enviei todo meu amor e inspiração desde as águas glaciais da Antártida.
Nossa visita durou duas horas. Fotografei os animais selvagens, tomamos um café na casa de uma das pesquisadoras e procurei entender um pouco do estilo de vida deles e eles um pouco da nossa. Passamos pela pequena lojinha e comprei um vestido branco com o desenho de um albatroz (meu pássaro favorito) e uma escarfe azul-petróleo com o símbolo da bandeira local.



A chegada do Bob Barker



Ao voltar no Steve Irwin, soube que o Bob Barker estava a 5 milhas náuticas de nós e eles poderiam surgir no horizonte a qualquer momento. A visibilidade estava terrível, com um nevoeiro que não nos deixava ver mais que 50 metros de distância. O Delta foi ao encontro do Bob Barker enquanto mantivemos contato por rádio para saber melhor a localização deles e como seria nosso plano de aproximação.
Foi decidido que tocariamos um navio ao outro de “starboard to starboard”(estibordo com estibordo). A chegada foi magistral, no meio daquele nevoeiro surgiu nosso segundo navio e seus bravos guardiões do mar! Duas enormes bóias foram colocadas por segurança e a a aproximação foi bem sucedida.
Nosso dia durou umas quarenta horas, muito trabalho a ser feito em todos os departamentos do navio. Com toda transferência que precisava ser feita (de água, comida, cobertores, combustível), só conseguimos descansar de fato às duas da manhã, quando começou uma pequena festa no Steve Irwin e a maioria da tripulação do outro navio estava lá para desfrutar um pouco do nosso conforto.




Visitei o Bob Barker e fiquei impressionada com a diferença dos navios, desde o tamanho até o estado. Precisa apenas de um pouco de cuidado e amor para dar um pouco mais de vida. A parte disso, adorei a ponte de comando. Menor, mas charmosa e confortável. Tenho certeza de que o Steve Irwin três anos atrás estava em similar condição... então só o tempo mesmo para organizar melhor o navio e deixá-lo mais colorido.
A festa foi até altas horas mas com trabalho de soldagem no convés, já que ficaremos com o antigo jet ski do Ady Gil que vai ser colocado entre os dois infláveis. Alguns só foram para cama às seis da manhã. Nos encontrar foi uma espécie de alívio e conforto para os tripulantes dos outros navios. Os ex-tripulantes do Ady Gil já estão a bordo do Steve Irwin, aparentemente recuperados do baque da perda do trimarã e ansiosos para dar fim a essa viagem, chegando as suas casas sendo confortados pela sua família, começando um novo episódio de suas vidas. Completamente compreensível.


Barbara Veiga.

Compartilhando cobertores...

19-01-2010
O tripulante que tem mais de um cobertor em sua cama, vai precisar ficar apenas com um quando assim que os sete tripulantes do Ady Gil embarcarem no Steve Irwin porque não temos suficiente para todos. Estamos também racionando o consumo de água a bordo, já que vamos dividir o tanque com o Bob Barker ao encontrá-lo.


Barbara Veiga.

Mais três dias de navegação...

17-01-2010
Essa manhã tivemos uma reunião para informar à todos oficialmente sobre nossa mudança de rumo às Ilhas Kerguelen. Existe uma grande chance de que os navios japoneses que estarão ainda seguindo o Bob Barker e vão fazer o trajeto até a ilha Mc Donald. Só que chegando em território francês a história muda e acredita-se que eles não continuarão o caminho em direção a Kerguelen.
São mais três dias de navegação até o arquipélago e ao encontrarmos o Bob Barker, faremos as transferências de combustível, água, óleo, etc. É provável que Bob Barker volte a ilha Mauritius ao invés de seguir viagem conosco de volta ao hemisfério sul.
A outra grande novidade é que depois de Kerguelen, também haverá uma parada em Fremantle porque o helicóptero infelizmente está com um problema no “bearing” que precisa ser trocado e precisamos de ajuda para fazê-lo. Joshua voltará ao nosso encontro e espero que o helicóptero ainda tenha mais uma chance!





Barbara Veiga.

Especulações...

18-01-2010
Pouca visibilidade, o dia parecia noite. Achei até que tinha acordado no horário errado... mas a verdade é que estamos mais perto da linha do Equador e voltaremos eventualmente ao horário de Fremantle. Ainda estamos no horário de Hobart, que são três horas de diferença.
Durante meu banho fiquei imaginando o problema da falta d'água no Bob Barker. Deve estar sendo uma viagem muito dificil para eles. Eles recrutararam a tripulação do Ady Gil, depois o viu afundar, ainda estão procurando despistar os navios japoneses sobre nosso plano de nos encontrarmos em Kerguelen... e nem um banho eles podem tomar no final do dia. Estão ainda usando o gelo para ter suficiente água para beber e cozinhar.
Fico feliz que iremos encontrá-los amanhã à noite, podendo oferecer água, compartilhar comida e o que eles precisarem para ter dias melhores. Os ex-tripulantes do Ady Gil embarcarão no Steve Irwin e nós os levaremos até Fremantle, onde eles desembarcam em direção às suas casas.
Todos parecem estar muito estressados e o clima no Bob Barker não parece muito bom. Há uma possibilidade que o Capitão Paul Watson vá embarcar com eles, deixando o Steve Irwin nas mãos do primeiro oficial. Nada confirmado, como sempre nos vemos entre planos e infindáveis opções... e ainda imaginando se o Shonan Maru II vai deixar de seguir o Bob Barker quando tocar águas francesas ou não. Tudo é possível, apesar de acreditarmos que é uma chance remota.


Barbara Veiga.

De volta a França

16-01-2010
Vejo baleias todos os dias, mas nada da frota japonesa. A vigilância está redobrada e todos são bem vindos a passar tempo na ponte de comando para tentar encontrar os baleeiros. A visibilidade é pouca e o dia estava mais escuro que o normal, não colaborando com a nossa busca.
Tive um dia calmo, catalogando e descrevendo as minhas fotos. Também como sempre, tentando fotografar nossas amigas baleias. É sempre um desafio, porque é raro vê-las saltando ou passando perto do navio. Talvez o barulho do motor as assustem...
Desde ontem, o helicóptero está apresentando um ruído anormal então por esse motivo, Chris fez alguns vôos curtos para testar e procurar resolver o problema. Um recente video feito pela Animal Planet foi enviado ao Joshua (que desembarcou em Hobart) para que ele pudesse avaliar o novo barulho e infelizmente existe uma possibilidade de que essa seja a última campanha do nosso helicóptero.
Ainda não sabemos para onde vamos depois da “Waltzing Matilda”. Pode ser África do sul, América do Sul, Austrália ou Nova Zelândia. Quantas possibilidades e em continentes distintos estão em jogo para nosso próximo passo! Acontece que dependendo de onde estivermos na Antártida, as distâncias são quase as mesmas....
Às 22h e 26min o capitão Paul nos informou sua nova estratégia. Iremos a ilha de Keguelen e Bob Barker irá mesmo ao nosso encontro. Bob Barker vai nos dar combustivel, em troca nós daremos água e óleo para o motor. Estando em território francês, fica mais difícil a possibilidade de que os navios japoneses continuem seguindo o BB e essa é a chance de juntos podermos criar um novo plano para encontrar a frota japonesa na nossa saída.
Dizem que essa ilha é um verdadeiro paraíso, então mal posso esperar para também fotografar. Já mudamos o curso e chegamos em 4 dias.
Comecei a ler: “Without feathers” do querido Woody Allen, meu diretor favorito! Como eu me divirto com os livrinhos dele! Adoro seus diálogos constantes e inteligentes aliando seu humor peculiar ; uma boa forma para terminar o dia e celebrar o novo plano do nosso capitão! Ahoy! Lá vamos nós para Kerguelen, de volta à França... (depois de Dumont D`Urville)

Mudando de planos...

15-01-2010


Os planos mudam mais uma vez e finalmente o Bob Barker vai ao nosso encontro já que não há a possibilidade da tripulação extra do Ady Gil deixar o navio na ilha francesa de Kerguelen , uma vez que não há transporte disponível para levá-los às suas destinações.
Bob Barker parece estar com problemas no “water maker”(desanilizador) e estão derretendo pedaços de gelo para ter suficiente água para cozinhar e beber.
Steve Irwin segue rumo aos `70`s, que 'é a área limite onde os japoneses podem caçar as baleias. Estaremos entre a ilha “Mac Robertson” e “Princess Elizabeth Land”. Os navios Shonan Maru II e Yushin Maru continuam atrás do Bob Barker e isso me preocupa um pouco. Espero que não afete a nossa busca pelos outros navios (os que contém os arpões) e que juntos possamos ainda fazer muito mais.
Laura, Vera, Nicola e Leela preparam um jantar especial essa noite e foi sugerido que todos fossem bem arrumados. Não há uma razão especial, apenas celebrar a vida(aliviando a tensão e ansiedade por ainda não termos encontrado a frota japonesa), comer bem e engordar um pouco mais. Laura me emprestou um “festidinho preto indefectivel”(como diz a musica) e espero dancar bastante – se a tripulação estiver animada para colocar música, o que eu espero que aconteça, claro...







Horas mais tarde....
A festa foi um sucesso e os quitutes japoneses preparados pela Leela, mais as sobremesas da Laura e Nicola estavam deliciosos. O bar foi aberto como toda sexta feira e sim, havia muita música! Dancei até 1h da manha e quando deixei o “messroom” tinha gente chegando com um novo ipod para outra seleção e novas musicas para dançar.




Barbara Veiga.

Carta entregue ao comissário Fábio Vaz Pitaluga

14-01-2010
Atravessamos um enorme grupo de icebergues com tamanhos dos mais variados. Mais uma vez me vi admirada com tamanha beleza da natureza. Ainda avistamos um leão marinho em cima de um pedaço de icebergue que deveria ter se partido recentemente. Um grande bloco de gelo que com o quebrar das ondas fazia uma grande mistura de azul, cinza e branco. Belíssimo!
O Capitão Paul diz ter novas informações sobre o paradero da frota baleeira e disse que estamos à caminho. Todos estao ansiosos, é claro.
Recebi um email com a carta que foi entregue hoje ao comissário do Brasil Fábio Vaz Pitaluga e a Comissão Internacional Baleeira que declara a insatisfação da atual situação no hemisfério sul sobre a caça das baleias. É sugerida uma mudança a favor da conservação dos cetáceos. A carta foi assinada por diferentes organizações, associações, movimentos, grupos e instituições ambientalistas do Brasil inteiro.


Barbara Veiga.

Kerguelen Island

13-01-2010



Há muita neve lá fora e aquela branquidão no convés preto me deu uma vontade enorme de fotografar. Coloquei meu “mustang suit” laranja e fui até a proa do Steve Irwin que estava vazia, já que todos os marinheiros trabalharam hoje dentro do navio por segurança. O resultado ficou bem interessante... eu adoro o contrastes das cores. A corrente amarelo-ovo, o navio preto e a neve branca.





Está nublado e o frio aumenta a cada dia. Hoje está fazendo -0.5 graus Celsius e ainda nenhum sinal dos baleeiros. Aonde será que esses malditos estão? Ainda temos 40 dias de combustível, mas a cada dia que passa gera dentro de nós uma terrível ansiedade para saber quando iremos encontrá-los e fazê-los parar.
Às 15h- Bob Barker segue em direção a Ilha Kerguelen através do “EEZ” ao redor das Ilhas Heard e McDonald. A intenção deles é perder o Shonan Maru II e Yushin Maru de vista, também a tripulação que estava a bordo do Ady Gil pretende desembarcar, uma vez que não há espaço suficiente para todos no navio.
O arquipélago de Kerguelen foi descoberto pelas fragatas francesas “Gros-Vetre” e “Fortune” em 1772. É território francês e compõe mais de 300 ilhas. O Capitão Cook passou o Natal ancorado nessa ilha em 1776, que ainda é conhecida como “Christmas Harbour”.
As ilhas de Kerguelen agora fazem parte da permanente base francesa que possui o total de 100 residentes temporáreos no verão.
Apresentei no fim do dia um novo “slide show” com fotos desde a saída de Hobart até o presente dia. Haviam algumas brincadeiras e comentários. Todos pareciam ter se divertido...


Barbara Veiga.

Ah... minha Antártida...

12-01-2010
Estar a bordo de um navio por tantas semanas sem terra pode dar uma sensação estranha de isolamento às vezes. Cada um tem seu horário, seu trabalho, sua maneira de ser, seu humor e rotina. Ao mesmo tempo estamos aqui tão próximos uns dos outros, compartilhando essa surreal experiencia juntos. Um interessante contraste.
É engracado! Eu jamais poderia imaginar há alguns anos atrás a minha atual realidade. A de estar aqui na Antártida, passando o Natal, Ano Novo e outros dias do ano navegando pelas águas do hermisfério sul em um confronto direto à frota japonesa, e tudo isso pela vida das baleias.
Então eu posso afirmar que estar vivenciando esse momento é tudo que eu poderia sonhar em vida e eu não consigo mais me imaginar em outro lugar sem ser aqui mesmo aonde estou agora.





Barbara Veiga.

Humpbacks curiosas atrás do Steve Irwin!

11-01-2010
Humpbacks curiosas ficaram rondeando a proa do Steve Irwin por mais 90 minutos com uma distancia de apenas 20 metros. Privilégio nosso!
O helicóptero fez tres voos para procurar a frota baleeira e eu fui a última a voar com o Chris e só tem lugar para duas pessoas. Foi uma das experiencias mais fantásticas da minha vida! 



Vi mais de 2000 pássaros voando ao redor de um icebergue maravilhoso e haviam humpbacks por toda parte e duas ao lado do Steve Irwin. As cores variavam com o aparecer do sol, fazendo esse dia realmente um momento marcante dos meus 26 anos de história para contar!





Também hoje fiz uma pequena viagem no inflável “Delta” para fotografar o navio. Com todas as ondas que quebravam decorrente do mar agitado, ficou difícil manter o equilíbrio e fotografar com minha nova bolsa a prova d`água. Um desafio... fiquei imaginando como vai ser no dia das ações. Sem dúvida muito mais complicado. Com o potente cano de água e a agressividade dos japoneses, não posso imaginar como será a experiencia... só vivendo para dizer.







Mesmo com toda mobilização nas frequentes saídas entre o helicóptero e o inflável, infelizmente não encontramos os baleeiros dessa vez. De qualquer maneira a saída foi válida porque exploramos essa parte da Antártida e mais fotos foram feitas para documentar essa incrível passagem.


Barbara Veiga.