No post passado eu comecei o projeto "A FOTO DO DIA" para compartilhar um pouco do que vejo no meu dia-a-dia, seja lá em que parte do mundo eu esteja.
Comecei falando do romance de Paris nas mensagens de amor que estão por toda parte, mas hoje ao percorrer as ruas parisienses eu tive um sentimento um pouquinho diferente.
A economia européia está visualmente decaindo com a massiva entrada de imigrantes(europeus ou não) e outros fatores decorrentes da crise mundial.
Não importando o bairro em que eu esteja, do mais rico ao mais pobre, se vê um número enorme de pedintes pelas ruas. Acho interessante analisar que no meio de todo glamour na cidade da moda, existe uma deficiência social seríssima. A mendicidade já faz parte de Paris e são muitos os imigrantes que estão aqui sem o mínimo para começar uma vida digna. Eles chegam sonhando com uma vida iluminada, um teto e uma vida feliz para suas famílias.
Ao se depararem com o outro lado da realidade, esses mendigos se tornam automaticamente mais um "SDF", ou seja, sem domicílio fixo.
Com a chegada do outono os "SDF" se destacam e com o inverno. Muitos não conseguem suportar o frio e acabam morrendo pelas ruas mesmo, quando não são socorridos(geralmente é o que acontece). Eu me lembro bem disso porque quando morei em Paris estava na transição das duas estações... lembro que frequentemente tive problemas ao pegar o metrô que ficava interditado quando havia um suicídio.
Fotografei hoje o total de quatro pessoas. Eu tentei me comunicar com três delas, mas não tive sucesso. A primeira foi uma senhora de 80 anos. Eu a ofereci um café e deixei algumas moedas na sua chícara. Tudo que ela tinha era um pedaço de pão que ela deixou em repouso em cima de uma folha dejornal enquanto eu a fotografava e uma garrafa d`água.
Depois encontrei uma mulher que estava com uma criança, que parecia ser seu filho. Sensibilizada, acabei comprando um sanduíche para a criança e deixei algumas moedas para a mãe no copinho que ela segura. Ela e o menino definitivamente não falavam francês. A "mãe" ficou tão contente com a oferta que eu fiz, que abriu um tímido sorriso quando pedi para fotografá-la.
Eu gostaria de saber o passado dessas pessoas, procurar entender porque elas chegaram até as ruas... mas como existe essa barreira linguística com os imigrantes, fica difícil saber por onde começar. Foi assim quando estive em Malta e fotografei o complexo onde eles vivem quando saem da detenção. Comunicação dificílima. Primeiro pela vergonha que eles sentem na sua condição, segundo por não saber falar nenhuma língua em comum. Finalmente eles acabam sendo acudidos por um ou outro que quer ajudar, mas são poucos que conseguem superar suas dificuldades e crescer igualmente na sociedade em que escolheu viver.
O último que me permiti fotografar hoje foi esse senhor que eu passei quando ia pegar meu metrô na estação Republique. Eu fiquei algum tempo na frente dele, esperando que ele acordasse para de repente oferecer comida, mas da mesma forma que cheguei e parti, ele ficou.
Por Bárbara Veiga.
Não mudou nada. Continua a mesma que não aguenta ver alguém sofrer e estende à mão amiga para amenizar a dor de quem pede ajuda. Bj Vanessa
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