Quando estive em Malta conheci as duas realidades da ilha. O charme e a beleza da arquitetura e a dura realidade em que os refugiados são mantidos.
Em geral eles vêm da África do Norte, com o sonho de chegar na Europa e ter uma condição de vida melhor. Porém quando se deparam com as leis e burocracia da União Européia se dão conta de que a grande batalha não foi atravessar o oceano em suas precárias embarcações e que essa foi apenas uma etapa.
Ao chegar no campo em Hal far, onde abriga os refugiados que acabam de cumprir 18 meses de detenção por estarem ilegais no país, vi de perto a realidade dessas pessoas. Depois de cumprir a pena em prisão elas são mandados para essa vila completamente isolada da cidade, mantida em condições precárias e com transporte público extremamente limitado.
Visitei três complexos. As mulheres e crianças são separadas dos homens, alguns deles moram em uma espécie de contaîner onde abriga mais que o limite permitido, outros em tendas onde cada uma delas vivem 24 homens. Cada complexo possui apenas um banheiro, que deve ser compartilhado por quase mil homens. As condições de higiene são extremamente precárias e eu fiquei com vergonha em ver os extremos de Malta, da beleza à ignorância.
Meu trabalho está mais voltado à questões ambientais, mas ao me deparar com essa realidade não poderia deixar de colocar aqui o que vivenciei.
Espero imensamente que as autoridades européias revejam imediatamente suas leis buscando uma forma mais humana de tratar o caso dessas pessoas, que assim como todos merece uma condição de vida digna e estável.
Por Bárbara Veiga.